Nas ruas de Paris -Tão real quanto um sonho



Como que em uma das ruas parisienses,
Eu estava sentando na calçada

Sem o meu calçado
Sem as meias
Sem um lugar certo para ir.

Conversava com uma amiga.
Observava a dança folclórica na sacada de um dos prédios:
Duas gueixas dançavam como que acompanhando o vento.

Neste instante você passou demonstrando estar bem assustado.
Logo soube que havia perdido seus pertences.
Que os carregava em uma bolsa a tira-colo.

Seu cabelo era loiro e penteado como moicano, um pouco maior nos lados.
Eu lhe observava e seu olhar me percebeu.
Aproximou-se de mim e me propôs um negócio,
Algo que nem no sonho pude compreender.
No entanto, levantei ainda calçando as meias e sapatos.

Acompanhei-lhe, 
Deixando sentada na calçada a conversa que agora passara a ser menos importante que estar com você.

Eu percebi que você precisava de algo.
Sua vida estava perdida naquela cidade.
Sozinho, vivia seu mundo sem se encontrar consigo mesmo.
Eu lhe acompanhei e você nem sabia quem eu era,
Nossas almas se comunicavam e os poucos minutos cresciam como anos.

Você arriscou um beijo, mas não era exatamente o que precisava naquele momento.

            Entre a carência e o amor a linha de separação é sutil, mas existe.

Conheci o seu passado, lhe ofereci o meu ombro.
Seu corpo tão frágil e pequeno, eu pude senti nos meus braços,
Não era condizente a imagem com os anos de vida e experiências vividas.

A cada momento me era perceptível o quanto deixávamos de ser dois para sermos um...
...Um único propósito
...Um único amor
...Um único caminho
...Um único desejo
Sentia que até as canções tocavam em nossa homenagem nos dias que se seguiam.
O tempo, o sol, o clima, tudo em harmonia ao que crescia dentro de nós.
Lembrei que há dias eu lhe observava.
E você também a mim.

No entanto, somente neste instante percebemos o quanto reais nós éramos um ao outro,
Cuidei de suas feridas e você me preenchia,
Seus olhos tão azuis me faziam me sentir no meio do oceano.

Então fechei os meus em uma resposta ao impulso que tive.
E ao abri-los me vi,
Não mais em ruas de Paris,
Nem mesmo com você em meus braços.
Sem o som das canções, ou a dança das gueixas.
Eu estava deitado em minha cama, em meu país natal.
E a única companhia que tinha eram meus travesseiros, lençóis e algumas almofadas.
Fechei os olhos querendo atravessar o oceano com a força da mente.

O procurei em meus pensamentos.
Mas, a única imagem que via era você ainda deitado em meus braços.
Então me toquei que:
Eu sonhei. Era sonho, mas também a realidade dos meus sentimentos.
Não existia de verdade, mas é a única materialização da força chamada Amor que está dentro de mim.
Eu cuidando do meu Eu. 
Eu olhando nos olhos do meu Eu. 
O meu Eu me convidando à romper barreiras para se auto ajudar.

Éramos separados em corpos neste sonho, mas em vida estamos presos na mesma matéria.
Corpo, sentimento e mente, ou para algum outro entendimento; carne, alma e espírito.
E percebi que a realidade não difere muito do sonho ou aquela desse.
A diferença está em aceitar o sonho como realidade.
Ou ser tão real quanto um sonho.

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