Revelação do meu Eu

                               Você saiu, tomou minhas ações, Revelou-se, mostrou seus desejos, Satisfez-se, usando-me como meio. O que achei que era incapaz de fazer, Fui agindo como se fosse experiente. Cada palavra que eu não saberia dizer, Falei como se possuísse todo o domínio. Você apareceu, veio de dentro. Tomou-me, não por força nem por coação. Alegrou-se, causando-me dor. Agora não vejo mais como uma imagem. Provei da loucura da realidade. O sabor que era apenas sonho, Tornou-se como fel em meu paladar. Você reagiu, mas por minha permissão. Fortaleceu-se, por que eu permiti. E ainda morrerá, pois ainda vivo.

Quanto mais me nego, Mais distante estou da felicidade. Quanto mais fujo dos meus defeitos, Mais notáveis eles se tornam. Ainda que busque todo o conhecimento e ciência, De nada valeria se as não praticar. Posso conhecer sobre infinitos assuntos, Mas vivê-los é que me adapta a eles, que me prova. Existem sentimentos que são apenas palavras, Mas se não forem praticados acabam por deixar de serem. Nenhuma habilidade eu possuo de mim mesmo, Foram em mim adaptadas pelas influências externas. Nenhum conhecimento que tenho veio com a genética, Foram obtidos pelo convívio com várias pessoas e leitura de inúmeros livros. Mas de mim depende a forma com que vão ser praticados todos os conhecimentos adquiridos. Dependem de mim as atitudes que vou tomar em meio às adversidades e circunstâncias do dia-a-dia. Dependem de mim os sentimentos que passarão a existir dentro de mim em relação aos demais. E ainda, só, e tão só, são minhas as responsabilidades das co

Ainda que a tua aparência seja de alegria E as cores que a formam sejam vivas,  Seu toque suave me atormenta. Aos poucos sinto que estou morrendo.   Se perceberem a sua face, verão que já é disforme,  Até seus pensamentos me são ocultos.  Nem mesmo as cores podem de ti esconder a dor.   E nem o perfeito tracejado sobrepor o seu fim.

Vivo com você dentro de mim, Só eu sei de sua existência a qual todos tentam ignorar. Talvez pela própria ignorância o ignoram. Mas, eu lhe conheço.  Exijo uma revelação e explicação. Quero saber: como chegou aqui? Como se alojou no mais profundo do meu ser? Suavemente me envolve com seus desejos, Então, me vejo aos poucos cedendo aos intentos seus. Sentimentos que em certos momentos Termino por confundir com os meus. Mas, temo. O desconhecido me atormenta. Há dias que desejo sua morte, Mas, quem morrerá? Eu ou você? Pois o que quero é não lhe sentir, Entretanto, não sei se o que sinto é meu ou seu.